Lei de Transparência do Governo (WOO)

A Lei de Transparência do Governo (WOO), em vigor desde 1º de maio de 2022, substitui a Lei de Liberdade de Informação (Wob) nos Países Baixos. A WOO visa promover uma cultura de abertura e transparência em todos os níveis do governo neerlandês. No contexto ambiental e de planejamento territorial, a WOO é crucial para obter informações sobre o processo de tomada de decisão relacionado aos planos urbanos, avaliações de impacto ambiental, licenciamento e ações de fiscalização. Por meio de divulgação ativa e solicitação de “informações governamentais abertas”, cidadãos, empresas e organizações da sociedade civil podem monitorar de perto projetos de construção, planos de demolição e medidas ambientais. No entanto, quando autoridades envolvidas ou partes privadas associadas a projetos – incluindo empresas nacionais e internacionais, seus diretores ou curadores – são suspeitas de má gestão financeira, fraude, corrupção, lavagem de dinheiro ou violação de sanções internacionais, isso pode prejudicar gravemente o funcionamento da WOO. Os solicitantes poderão requisitar documentação adicional, atrasar procedimentos e preparar denúncias à polícia ou ações civis, o que pode paralisar toda a agenda de projetos por meses ou até anos.

Má Gestão Financeira

A má gestão financeira inclui orçamentos incorretos, negligência nas diretrizes de tesouraria e a falta de prestação de contas adequada em projetos ambientais. Por meio de solicitações da WOO, frequentemente são requisitados documentos internos de orçamentos e extratos bancários para verificar se as autoridades ou parceiros privados do projeto reservaram recursos suficientes para a remediação de contaminação do solo, compensação ecológica ou investimentos em infraestrutura. Quando é descoberto que subsídios foram transferidos indevidamente, garantias não foram fornecidas ou que os orçamentos foram substancialmente subestimados, isso pode resultar em ações financeiras adicionais, suspensão de licenças e controle mais rigoroso por parte de órgãos financiadores, como a RVO (Agência de Empresas dos Países Baixos). Bancos e investidores terão que solicitar relatórios adicionais de diligência prévia, o que atrasará as avaliações de crédito e colocará em risco a implementação de projetos de energia e construção de habitação.

Fraude

Por meio de solicitações direcionadas da WOO sobre memorandos internos, relatórios de pesquisa e correspondência com especialistas ambientais, fraudes e manipulação de dados, como em estudos de qualidade do ar ou solo, podem ser descobertos. A falsificação de resultados de medições para acelerar a obtenção de licenças ou a retenção deliberada de resultados ecológicos negativos compromete a integridade de todo o processo de concessão de licenças. Uma vez que a fraude é rastreada por meio de e-mails divulgados ou relatórios internos de investigação, frequentemente seguem medidas de suspensão pelos tribunais e investigações por parte da Inspeção de Ambiente e Transporte (ILT). Desenvolvedores de projetos imobiliários se veem obrigados a financiar estudos independentes adicionais e enfrentam partes interessadas que, por meio de solicitações repetidas da WOO, querem acompanhar cada passo de forma crítica, o que leva a uma série de processos jurídicos e grandes danos à reputação.

Suborno

No caso de suborno, funcionários ou consultores envolvidos buscam pagamentos ilegais em troca de uma aplicação mais flexível das regulamentações ambientais ou alterações nos planos de zoneamento. Por meio da WOO, os solicitantes podem acessar contratos com consultores externos, recibos de reembolsos de despesas e atas de decisões. Se desses documentos se revelar que os chamados “honorários de consultoria” ou “custos de estudo” eram, na verdade, subornos, isso levará a processos penais e à anulação de licenças aceleradas. A necessidade de tornar pública cada entidade envolvida na decisão atrasa os processos de tomada de decisão e obriga as partes, tanto públicas quanto privadas, a fornecer total transparência financeira antes que o projeto possa ser retomado.

Lavagem de Dinheiro

Mecanismos de lavagem de dinheiro em projetos urbanos frequentemente se manifestam no aumento artificial dos preços dos terrenos ou na manipulação dos valores de remediação. Por meio de solicitações direcionadas da WOO sobre contratos de parceiros da cadeia, correspondência notarial e documentos de transações, os investigadores podem expor irregularidades nos fluxos de capital. Bancos e autoridades reguladoras devem iniciar uma investigação imediata ao sinal de pagamentos suspeitos, o que resultará na congelamento de contas e revogação de isenções. Isso não só provoca a paralisação de grandes hubs de infraestrutura ou logística, mas também força conselhos municipais e provinciais a revisar seus orçamentos para recuperação ambiental e natural, com grande impacto político e social.

Corrupção Sistêmica

A corrupção vai além das práticas de suborno individuais e implica uma cultura de conflitos de interesse, como quando campanhas políticas são financiadas por empresas que posteriormente alteram planos de zoneamento. Por meio das solicitações da WOO, pode-se acessar relatórios de gestão de relações, contatos de lobby e arquivos de pessoal de conselheiros ou comissários. Se for descoberto que certos decisores foram sistematicamente favorecidos, seguirão moções de desconfiança, investigações parlamentares e possíveis demissões ou suspensões administrativas. A divulgação dessas informações pode levar à reabertura dos processos de licenciamento, novas iniciativas de defesa ambiental e longas batalhas jurídicas, paralisando a execução de projetos urgentes de habitação e energia.

Violação de Sanções Internacionais

Em iniciativas ambientais e infraestruturais transnacionais, o cumprimento das regulamentações sobre sanções da ONU, da UE e dos Países Baixos é crucial. Por meio de solicitações da WOO, fluxos financeiros e cláusulas contratuais podem ser revelados para determinar se entidades sancionadas estão envolvidas em projetos como remediação de portos ou cabos transnacionais. Se os documentos divulgados mostrarem que licenças foram concedidas a empresas sancionadas ou que fluxos de capital foram facilitados, isso resultará na revogação imediata dos subsídios da UE, multas pelo Ministério das Finanças e, possivelmente, congelamento de direitos imobiliários. Essas violações prejudicam gravemente a reputação internacional dos Países Baixos como um destino confiável para investimentos e podem causar tensões diplomáticas e a retirada de investidores estrangeiros.

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